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Foto do escritorEquipe Arkanjos

Penitência: o que é e como fazê-la corretamente.

Atualizado: 13 de abr. de 2018

Começamos a semana maior, mais conhecida como SEMANA SANTA. A semana que todo católico espera o ano inteiro, afinal, nela fazemos memória da maior prova de amor já feita à humanidade, a Paixão e Morte de Nosso Senhor, que culmina com a Sua gloriosa RESSURREIÇÃO.


Durante todo o período Quaresmal, somos convidados a entrar num profundo deserto, com a prática da oração, do jejum e da caridade, e na Semana Santa não é diferente, somos exortados pela Mãe Igreja a viver tudo que vivemos nas cinco primeiras semanas da quaresma com mais intensidade e com foco no sacrifício de Cristo.



A prática da penitência é importantíssima. Ela é recomendada em todos os tempos, mas é na semana Santa ganha mais sentido, por unirmos as nossas dores, às dores de Jesus. É por meio da penitência que nos santificamos com pequenas cruzes diárias. Não entendeu? A gente explica: PENITÊNCIA É UMA PENA, ou seja, uma PUNIÇÃO.


Durante a catequese...

Joãozinho: - Ôh tia, punição pelo que?
Catequista: - Pelos nossos pecados.
Joãozinho: - Ué! Mas Jesus já não pagou por todas as nossas culpas?
Catequista: - Joãozinho, veja bem...suponhamos que você pegue sem permissão a borracha de uma amiguinha da escola. Ela descobre que foi você quem a "roubou". Aí você se arrepende e resolve pedir desculpas. O perdão lhe é concedido. O falta ainda para encerrar esta história?
Joãozinho: - Bom, acho que preciso devolver a borracha.
Catequista: - Aaah, exatamente! O fato de ela ter perdoado, não lhe deixa isento de ter que devolver, ou seja, isto lhe exige uma ação, ou reparação. Com o pecado não é diferente, não basta recebermos somente o perdão de Deus, precisa reparar por meio de uma pena.

O diálogo do Joãozinho com o catequista ilustra bem o fato de que toda ação há não só uma reação, mas também uma consequência. Para que o Joãozinho ficasse bem com a colega, não bastava lhe apenas pedir desculpas, mas que devolvesse a borracha a sua dona, afinal não lhe pertencia. Quando Adão e Eva pecaram, foram punidos com a expulsão do jardim do Éden e passaram a ter que trabalhar para sobreviverem (Gn 3, 23).


Para todos os nossos atos, sejam eles bons ou ruins, há uma recompensa, foi o que disse o próprio Jesus: "Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa" (Mt 10, 42). Deus é misericordioso, mas também que é justo. Você acha justo ofender a Deus que é Soberano, com o seu pecado e depois simplesmente pedir desculpas e tudo fica por isto mesmo? É devido a este pensamento que muitos cristãos se acomodam no pecado, porque lembram somente do Deus misericordioso, que vai perdoar sempre. De fato, isto é uma verdade, Deus é infinitamente misericordioso e nos perdoa sempre, mas como já citei, Deus é um Pai justo, e como todo bom pai, busca o bem para o seu filho, muitas vezes aplicando-lhe uma lição. Antigamente era mais comum ouvir-se dizer que os pais colocavam seus filhos de joelho no milho no canto da parede, ou seja, a criança era punida por algo de errado que cometeu.


Quando ofendemos a Deus, há duas consequências, a CULPA e a PENA. A culpa é apagada com o sacramento da confissão, mas fica aí pena a ser cumprida, que é uma marca deixada pelo pecado. Recordemos de quando éramos crianças, vivíamos com o joelho ralado devido constantes quedas (quem nunca teve um joelho esfolado não sabe o que é ser criança, kkk). A ferida ao sarar, deixa uma cicatriz. É justamente esta cicatriz que precisa ser apagada após recebermos o perdão de Deus, quando somos absolvidos pelo sacerdote, pois só entraremos no Reino dos Céus se estivermos puros, sem manchas e com as penas pagas.


A igreja nos ampara com as indulgências, que apagam estas penas, mas não é sempre que temos a oportunidade de lucrá-las (em outro post explicaremos melhor sobre este assunto), então é por meio das penitências que atingiremos a nossa santificação.


Compartilharemos com vocês um trecho da obra "Amigos de Deus", de São Josemaría Escrivá, uma grande catequese sobre a penitência, que vai nos ajudar a viver melhor esta semana Santa.


***

São Josemaría Escrivá, “Amigos de Deus”, 138-140.



"Penitência é o cumprimento exato do horário que marcaste, ainda que o corpo resista ou a mente pretenda evadir-se em sonhos quiméricos. Penitência é levantar-se na hora. E também não deixar para mais tarde, sem um motivo justificado, essa tarefa que te é mais difícil ou trabalhosa.

"A penitência está em saberes compaginar todas as tuas obrigações - com Deus, com os outros e contigo próprio -, sendo exigente contigo de modo que consigas encontrar o tempo de que cada coisa necessita. És penitente quando te submetes amorosamente ao teu plano de oração, apesar de estares esgotado, sem vontade ou frio.

"Penitência é tratar sempre com a máxima caridade os outros, começando pelos da tua própria casa. É atender com a maior delicadeza os que sofrem, os doentes, os que padecem. É responder com paciência aos maçantes e inoportunos. É interromper ou modificar os programas pessoais, quando as circunstâncias - sobretudo os interesses bons e justos dos outros - assim o requerem.

"A penitência consiste em suportar com bom humor as mil pequenas contrariedades da jornada; em não abandonares a tua ocupação, ainda que de momento te tenha passado o gosto com que a começaste; em comer com agradecimento o que nos servem, sem importunar ninguém com caprichos. (...)

"Poderia continuar a apontar-te uma multidão de detalhes - citei-te apenas os que me vinham à cabeça - que podes aproveitar ao longo do dia para te aproximares mais e mais de Deus, mais e mais do teu próximo. Se te mencionei esses exemplos, insisto, não é porque eu despreze as grandes penitências (...). Mas já te aviso que as grandes penitências são compatíveis com as quedas aparatosas, provocadas pela soberba.

"Em contrapartida, se alimentamos um desejo contínuo de agradar a Deus nas pequenas batalhas pessoais - como sorrir quando não se tem vontade; eu vos garanto, além disso, que em certas ocasiões custa mais um sorriso do que uma hora de cilício -, é difícil dar pasto ao orgulho, à ridícula ingenuidade de nos considerarmos heróis notáveis; ver-nos-emos como um menino que mal consegue oferecer a seu pai ninharias - ninharias que, no entanto, são recebidas com imenso júbilo.

"Portanto, um cristão tem que ser sempre mortificado? Sim, mas por amor. Porque este tesouro da nossa vocação nós o trazemos em vasos de barro, para que se reconheça que a grandeza do poder é de Deus e não nossa. (...) Trazemos sempre no nosso corpo por toda a parte a mortificação de Jesus, a fim de que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos.

"Como é que nos atrevemos a clamar sem hipocrisia: 'Senhor, doem-me as ofensas que ferem o teu Coração amabilíssimo', se não nos decidimos a privar-nos de uma insignificância ou a oferecer um sacrifício minúsculo em louvor do seu Amor? A penitência - verdadeiro desagravo - lança-nos pelo caminho da entrega de nós mesmos, da caridade. Entrega para reparar, e caridade para ajudar os outros, como Cristo nos ajudou."


***

Então, amigos leitores esperamos que este texto te ajude a compreender melhor a importância de se fazer penitência. Tudo tem que ser por amor a Deus.


Para rir:


Tenha uma excelente semana Santa.


Salve Maria.


Fonte: Livro "Amigos de Deus" (São Josemaría Escrivá)


***


Por:

Erick Maria, 28, publicitário e empreendedor.

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